Em busca de novas formas e tratamentos para combater o câncer, pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolvem pesquisa inovadora para tratamento de câncer a partir de substância encontrada em planta da região Nordeste.
A primeira etapa da pesquisa, in vitro, já foi concluída e os resultados encontrados são promissores para um novo componente que trata principalmente do câncer de pele. O objetivo é criar medicamentos mais eficazes e seguros.
Em colaboração mútua, os pesquisadores, Anderson Nogueira Mendes (Departamento de Biofísica e Fisiologia/CCS) e Mariana Helena Chaves (Departamento de Química/CCN), ambos da UFPI, os alunos de pós-graduação da UFPI Elcilene Alves de Sousa, Felipe Alves Batista, Railson Pereira Souza e o professor da UFPB Juan Carlos Gonçalves (Departamento de Ciências Farmacêuticas (DCF/UFPB)), e com aporte financeiro da FAPEPI pelo edital FAPEPI/MS-DECIT/CNPq/SESAPI n° 002/2016 – PPSUS desenvolveram nanopartículas com alto potencial para aplicação na produção de novos medicamentos com atividade antitumoral. Nenhum medicamento desse tipo ainda foi desenvolvido no Brasil, apesar do enorme potencial e biodiversidade.
O professor Anderson conta que, a partir do aspecto da formação dos pesquisadores, foi proposto um trabalho onde seria considerado um produto derivado do bioma do Nordeste e que possuía potencial para ação antitumoral. A partir disso, foi proposto uma sistemática tecnológica para construir esse protótipo farmacêutico que pudesse, em um futuro próximo, atuar como controle para câncer do tipo melanoma.
O Laboratório de Inovação em Ciências e Tecnologia (LACITEC), onde o pesquisador atua, trabalha com biotecnologia de uma forma geral. Dentre as propostas de desenvolvimento algumas são de sistemas destinados à área de saúde, ações destinadas a algumas questões ambientais e atividades de popularização da ciência. Alguns dos projetos em andamento são destinados à Lesões Gastro-Intestinais, Estética e Castração Química.
O trabalho mencionado anteriormente faz parte da linha de pesquisa de Desenvolvimento de protótipos farmacêuticos utilizando nanotecnologia com os conceitos de sistemas drug delivery e liberação controlada com planejamento para câncer.
“Desde que iniciamos as atividades de pesquisa na Universidade Federal do Piauí temos direcionado algumas atividades pensando nos recursos naturais que o bioma regional possui. Logo, a escolha deve-se às características da Tocoyena hispidula que na cultura popular é chamada dejenipapinho. Temos observado através de alguns estudos que essa planta possui constituintes que possuem uma gama de atividades que vão desde ação antiparasitária a ações fisiológicas. Logo, o grupo decidiu avaliar sua potencial ação em modelos de câncer de pele. Os resultados iniciais indicam que há elementos que poderiam ser utilizados para tais ações. Mas infelizmente não podemos ainda afirmar nada, pois precisamos de mais estudos”, destaca Anderson.
O professor conta que ainda é cedo para falar sobre os impactos da pesquisa, pois são estudos in vitro que necessitam de recursos financeiros para testes em modelos animais até que chegue a modelos humanos.
Anderson destaca que desde o início das atividades de pesquisa na Universidade Federal do Piauí, foram direcionadas algumas atividades pensando nos recursos naturais que o bioma regional possui. Logo, a escolha é referente às características da Tocoyena hispidula.
“Foi observado através de alguns estudos que essa planta possui constituintes que possuem uma gama de atividades que vão desde ação antiparasitária a ações fisiológicas. Logo, o grupo decidiu avaliar sua potencial ação em modelos de cânceres de pele. Os resultados iniciais indicam que há elementos que poderiam ser utilizados para tais ações. Porém ainda não é possível afirmar, pois os estudos precisam seguir as próximas etapas”, ressalta.
Anderson discorre um pouco sobre a necessidade da pesquisa no país e como isso interfere na pesquisa nacional.
“A pandemia da covid-19 mostrou ao mundo o quanto é importante investir em ciência. Temos excelentes pesquisadores no Brasil e alunos com desejo em se dedicar a trabalhar seja na iniciação científica, mestrado e doutorado. Os pesquisadores brasileiros são valorizados fora do Brasil. Mas, infelizmente, no Brasil, não vemos essa valorização. Vemos claramente, a falta de recurso para condução de ciência com qualidade. Se um país, estado ou cidade querem melhorar seus indicadores, sejam eles sociais e econômicos, os gestores precisam ter um olhar para os centros de pesquisa que existem regionais. Dentro das instituições universitárias públicas há a possibilidade de revolucionar uma região. Não faltam ideias ou propostas para inovar e melhorar a qualidade de vida da população. Isso para todas as áreas. Tenho certeza que no dia que houver a comunicação e aproximação entre os gestores de prefeituras, governo do estado e federal com a universidade teremos outro rumo. Deixaremos de importar muita coisa e passaremos a exportar tecnologia. Aliás todo produto desenvolvido dentro de um centro de pesquisa público retorna direto para a população, sem pagamento de royalties”, destaca.
Segundo o pesquisador, ainda há uma série de etapas (considerando estudos em animais e depois em humanos) que devem ser elencadas antes de pensarmos no custo do produto. Mas se o produto apresentar os mesmos efeitos nas mesmas concentrações em animais e humanos, será possível afirmar que seu escalonamento de produção sairá mais barato que muitos produtos que o governo compra para tratamento de tumores. E, de fato, ele tende a ter um custo menor que muitas opções disponíveis no mercado. Isso poderá auxiliar o SUS por exemplo, considerando sua efetividade, e por ser um produto desenvolvido dentro de uma instituição pública, o Brasil não precisaria pagar uma série de encargos que paga ao importar produtos de grandes indústrias farmacêuticas.
O professor conta que o apoio de instituições como a FAPEPI e outras instituições como a UFPB são necessárias, pois pesquisas grandes como essa precisam de uma gama de informações e de recursos para ser executada.
“Todo projeto de pesquisa grande tem que ser pensado de forma interinstitucional, pois há sempre complementação de ideias, conhecimento e tecnologia. Ninguém faz nada sozinho. Pensamos dessa forma e nossa proposta de formação de pesquisadores é baseada nesse conceito. Formamos sempre profissionais que trabalhem em grupo para termos melhores condições de desenvolver algo bom”, finaliza.