Seis pesquisadores piauienses seguem entre os cientistas mais influentes do mundo, de acordo com o ranking elaborado pela Editora Elsevier em colaboração com a Universidade de Stanford (EUA). Divulgada no último dia 19 de setembro, a lista, considerada uma das mais prestigiadas da comunidade científica global, avalia os 2% dos pesquisadores com maior impacto internacional em suas áreas de atuação.
Dos seis nomes, cinco estão vinculados à Universidade Federal do Piauí (UFPI): Ademir Sérgio Ferreira de Araújo, Anderson de Oliveira Lobo, Edson Cavalcanti da Silva Filho, Edvani Curti Muniz e Paulo Michel Pinheiro Ferreira. O sexto é Laécio Santos Cavalcante, da Universidade Estadual do Piauí (Uespi). Entre eles, cinco têm ou já tiveram apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) em projetos estratégicos de ciência, tecnologia e inovação.
Reconhecimento internacional
A chamada “Updated science-wide author databases of standardized citation indicators”, foi baseada em dados da plataforma Scopus até 1º de agosto de 2025. A análise considera tanto o impacto acumulado ao longo da carreira quanto a influência em citações recebidas em 2024.
O ranking adota métricas rigorosas, incluindo o índice h, o índice hm ajustado por coautoria, a proporção de artigos citados, histórico de autocitações e a classificação dentro do percentual de 2% em 22 campos científicos e 174 subcampos. O objetivo é medir não apenas a quantidade de publicações, mas sobretudo a relevância e a influência da produção acadêmica.
Pesquisas de destaque com apoio da Fapepi
As pesquisas conduzidas pelos cientistas piauienses tem uma forte conexão com os desafios sociais, ambientais e de saúde enfrentados pelo estado e pelo país. O apoio da Fapepi tem sido importante para transformar ideias em projetos de impacto real, que dialogam diretamente com a sustentabilidade, a biotecnologia e a qualidade de vida da população.
Um exemplo é o trabalho de Edson Cavalcanti, que já figura pela quarta vez no ranking mundial. Seus estudos têm buscado soluções criativas a partir dos recursos naturais do semiárido. Em um dos projetos, ele desenvolve sistemas antimicrobianos baseados na incorporação de óleos essenciais em argilominerais do Piauí, combinando ciência de ponta e biodiversidade local. Em outro, avança no desenvolvimento de hidrogéis superabsorventes de origem vegetal, que prometem otimizar o uso de água e nutrientes, tecnologia estratégica para a agricultura em regiões áridas.



Para Edson, estar novamente entre os cientistas mais influentes do mundo representa uma grande emoção. Segundo o pesquisador, o resultado reflete o apoio constante de agências como Fapepi, CNPq, Capes e Finep, sendo a Fapepi especialmente decisiva, por possibilitar o avanço de pesquisas capazes de transformar realidades locais e projetar o nome do Piauí no cenário internacional.
Na área de materiais sustentáveis, Edvani Curti Muniz lidera investigações sobre polissacarídeos, moléculas de origem natural que se transformam em plataformas versáteis para a criação de produtos inovadores e tecnologias mais limpas. O projeto tem potencial de aplicação em setores diversos, da indústria farmacêutica à de embalagens biodegradáveis, ampliando a presença da ciência piauiense no debate sobre soluções sustentáveis.

Foto: reprodução lattes.
Já o pesquisador Ademir Sérgio Ferreira de Araújo concentra seus esforços em estratégias para enfrentar os efeitos da degradação ambiental e das mudanças climáticas no semiárido. Entre seus trabalhos estão a revegetação de áreas degradadas para recuperar a biodiversidade e a utilização de bactérias promotoras de crescimento como alternativa sustentável para aumentar a produtividade agrícola. Ademir também investiga o uso de hidrogéis como veículo para inoculação de bactérias benéficas na cana-de-açúcar, abrindo caminho para uma agricultura mais eficiente e resiliente.


No campo da saúde, Paulo Michel Pinheiro Ferreira conduz pesquisas que exploram o potencial terapêutico da biodiversidade brasileira. Seu projeto foca nas propriedades fitoterápicas da planta Casearia sylvestris, conhecida popularmente como guaçatonga. O objetivo é desenvolver uma formulação oral rica em compostos bioativos capaz de atuar contra doenças crônicas, aproximando o conhecimento tradicional da ciência moderna.


Por fim, Laécio Santos Cavalcante, da Uespi, também tem sua trajetória marcada pela conexão com a Fapepi. Ainda em 2013, participou de um projeto de desenvolvimento científico e regional (DCR) realizado na UFPI, experiência que contribuiu para consolidar sua carreira acadêmica e ampliar sua rede de colaboração científica.

Foto: reprodução Lattes.
O protagonismo dos pesquisadores piauienses em áreas como biotecnologia, ciências ambientais, química e saúde reflete um esforço contínuo de transformar os desafios locais em soluções de alcance global. Esses resultados alcançados mostram que a ciência feita no Piauí não apenas dialoga com os grandes centros de pesquisa, mas contribui de forma concreta para problemas que afetam o planeta, como mudanças climáticas, segurança alimentar e desenvolvimento de novos medicamentos
A permanência dos seis pesquisadores piauienses no ranking reforça a qualidade da ciência produzida no estado e consolida o Piauí como um polo emergente de produção acadêmica. O talento dos cientistas, aliado ao apoio das agências de fomento, em especial da Fapepi, tem assegurado visibilidade internacional em áreas estratégicas como biotecnologia, sustentabilidade, recuperação ambiental e terapias inovadoras.