O GIA e a redescoberta das opalas brasileiras

ARTIGO

O Instituto Gemológico da América (GIA) é uma organização sem fins lucrativos com o principal objetivo de garantir a confiança do público em gemas e joias. Educação e pesquisa são pilares importantes para alcançar esse propósito.Com esses dois objetivos em mente, a equipe de gemologia de campo do GIA visitou os depósitos de opala nos arredores de Pedro II, no Piauí, Brasil.

Durante essa expedição, a equipe do GIA buscou entender melhor a história e o estado atual do cenário da opala, além de coletar amostras para estudos científicos.Os depósitos de opala brasileiros não são bem conhecidos em escala global. Atualmente, a maioria da opala preciosa vem da Austrália e da Etiópia.No entanto, os depósitos do Piauí foram produtores muito importantes nos anos 1980.

Durante nossa visita, conseguimos conhecer as minas antigas e testemunhar a escala das operações daquela época. É evidente que grandes volumes de opala foram extraídos ali nas últimas décadas. Ao visitar diretamente as minas, o GIA consegue se conectar com muitas pessoas envolvidas e desenvolver uma percepção realista da mineração.Está claro que muitas iniciativas estão em movimento em Pedro II. O projeto CETAM está desenvolvendo habilidades para agregar valor às opalas ainda na origem, de várias formas: com lapidação, corte, criação de joias e desenvolvimento de design.Isso também aumentará a demanda por opalas recém-extraídas. Revitalizar a mineração é sempre um desafio. Podemos assumir que os recursos mais fáceis já foram explorados: as opalas de fácil acesso foram mineradas nas décadas de 1970 e 1980.

Uma segunda onda de mineração exigirá melhor compreensão dos depósitos e planejamento operacional, possivelmente envolvendo maquinário pesado. Um levantamento geológico bem estruturado é fundamental para entender o potencial das minas conhecidas, assim como identificar novas. Também será importante aplicar as técnicas mais adequadas para a extração da opala. Já existe muita pesquisa moderna e atualizada sobre o entendimento geológico desses depósitos de gema, por meio do APL da opala e das universidades locais. Do ponto de vista científico gemológico — que é o foco principal do GIA — as opalas brasileiras ainda são pouco estudadas. Existem alguns estudos voltados às características gemológicas, mas a maioria foca na identificação clássica utilizando índice de refração, densidade etc.

Estudos modernos, que poderiam incluir análise de possíveis tratamentos, ainda não estão disponíveis.Outro tópico relevante é a determinação da origem geográfica, que talvez tenha sido a principal razão científica da visita do GIA a Pedro II.Coletando amostras diretamente das minas do Boi Morto, Mamoneiro e Rocas, o GIA agora possui uma coleção abrangente de opalas brasileiras.É importante reconhecer que o apoio dos comerciantes locais de opala em Pedro II foi essencial para a obtenção dessa ampla variedade de amostras.Essas amostras serão estudadas pelo GIA com diversas técicas:

• Técnicas gemológicas básicas para confirmar a variedade e a espécie;

• Espectroscopia avançada para detectar tratamentos e estudar variações entre depósitos brasileiros e internacionais;

• Química de elementos–traço, que pode permitir a separação entre diferentes campos de opala com base na concentração de certos elementos químicos.

Em resumo, a visita do GIA a Pedro II nos permitiu vislumbrar o mais importante distrito de mineração de opala do hemisfério ocidental. Foi impressionante ver quantos projetos já foram iniciados.A equipe de pesquisa do GIA aprendeu muito com os especialistas locais e continuará colaborando em estudos gemológicos avançados num futuro próximo.

Por WIM VERTRIEST