Em meio ao cenário árido do semiárido piauiense, um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (FAPEPI) está trazendo esperança e conhecimento para a região. Intitulado “Revegetação como Estratégia de Recuperação da Biodiversidade em Unidades de Recuperação de Áreas Degradadas e Redução da Vulnerabilidade Climática (URAD) no Semiárido Piauiense”, o projeto tem como objetivo central estudar a biodiversidade do solo em áreas sujeitas à degradação e explorar o potencial de estratégias de recuperação, como o uso de cordões de pedra e revegetação, para restaurar as propriedades biológicas do solo.

A região nordeste brasileira enfrenta desafios significativos relacionados à desertificação e degradação do solo, afetando estados como Piauí, Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. No Piauí, os estudos avançados estão sendo executados nas regiões de Gilbués e Santo Antônio Lisboa.

Em Gilbués, os estudos concentram-se na monitorização da biodiversidade do solo, enquanto em Santo Antônio Lisboa, a área foi contemplada com a implantação da URAD (Unidade de Recuperação de Áreas Degradadas e Redução da Vulnerabilidade Climática), local onde são realizadas as coletas e monitoramentos do solo para análises posteriores. O projeto é conduzido por uma equipe multidisciplinar, envolvendo professores, alunos de graduação e pós-graduação em Agronomia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), além da colaboração de pesquisadores de outras instituições brasileiras, como a Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE) e Universidade de São Paulo (USP), bem como da University of Groningen, no exterior.

Atividade de coleta de solo Santo Antônio Lisboa.

As análises do solo são realizadas no Laboratório de Microbiologia do Solo da UFPI, enquanto o sequenciamento do DNA é conduzido na UFC. Até o momento os resultados obtidos revelam um quadro preocupante de degradação do solo, caracterizado pela redução da atividade biológica, diminuição da diversidade microbiana e alteração na comunidade de bactérias e arqueias.

Apesar dos desafios, o projeto tem revelado avanços promissores. A implementação de estratégias de revegetação e utilização de cordões de pedra demonstra potencial na recuperação das propriedades biológicas do solo. No entanto, o tempo desde a implementação do projeto, que remonta a 2019, foi insuficiente para promover uma recuperação completa.

Para o professor da UFPI, Ademir Sérgio, que encabeça o estudo, além do impacto ambiental e científico, o projeto tem relevância social ao destacar a importância da preservação da vegetação do solo e, por conseguinte, da biodiversidade. Para o pesquisador, que foi considerado um dos mais influentes do mundo pelo ranking elaborado pela Universidade de Stanford (Califórnia, Estados Unidos), do ponto de vista científico, o projeto também contribui para a formação de recursos humanos em pesquisa, além de futura publicação dos resultados em revistas internacionais de renome, como a Scientific Reports (Nature).

O projeto de revitalização do solo no semiárido piauiense representa uma esperança tangível para uma região frequentemente assolada pela degradação ambiental. Com esforços contínuos e colaboração interdisciplinar, a restauração da biodiversidade do solo não é apenas uma possibilidade, mas uma realidade que está sendo construída passo a passo. Este projeto vai além do âmbito científico, tendo um impacto social significativo para garantir a sustentabilidade ambiental e a qualidade de vida das comunidades locais piauienses.

Saiba mais sobre o projeto:

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0301479723025343

https://link.springer.com/article/10.1007/s11104-024-06489-x

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  • Última modificação do post:11 de março de 2024