A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) acaba de publicar uma pesquisa de mercado intitulada “Piauí: Perfil e Oportunidades de Exportações e Investimentos 2020”. O estudo apresenta um panorama geral da economia do Piauí e identifica o seu potencial exportador a partir de uma análise das suas exportações de bens e serviços e do perfil dos investimentos estrangeiros diretos no estado.
A Apex também foi responsável por lançar, no dia 30 de janeiro deste ano, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa no Piauí (FAPEPI), o Programa de Qualificação para a Exportação (Peiex), que tem por objetivo fomentar a exportação internacional de produtos locais, além da instalação do núcleo operacional da instituição em Teresina.
No período entre 2002-2017 o Piauí aumentou em 1,1 pontos percentuais de participação na economia do Nordeste, apenas atrás do Maranhão, com 1,2. Em 2002 o Piauí representava 3,7% e 2017 4,8% de participação. Os resultados, tanto em relação ao Piauí, quanto em relação ao Maranhão, podem ser atribuídos aos efeitos da expansão da produção e das exportações de soja nas áreas de cerrado desses estados, que fazem parte da fronteira de expansão da soja conhecida como MATOPIBA.
Exportações
Com a análise de dados econômicos desde 2002 até 2018, a pesquisa destaca que o Piauí se tornou o quinto principal estado exportador em âmbito regional e o décimo oitavo em nível nacional. As exportações piauienses totalizaram US$ 706,1 milhões em 2018, tendo um crescimento de 77,9% em relação a 2017. Esse desempenho fez com que o estado passasse a representar 3,8% das exportações da Região Nordeste, bem como que o crescimento médio anual, no período 2015-2018, ficasse em 20,6%.
No período 2008-2018, as exportações do Piauí apresentaram constantes oscilações entre variações positivas e negativas. A maior variação negativa ocorreu em 2016, quando a queda foi de 56,5% em relação ao ano anterior. O maior crescimento, por outro lado, aconteceu em 2008, quando o valor exportado foi de US$ 136,9 milhões e a taxa de crescimento em relação ao ano anterior de 141,7%.
Os países que mais contribuíram para o aumento das exportações piauienses foram China e Alemanha. Os dois países foram o destino de 85,2% das exportações estaduais em 2018.
A cidade de Uruçuí destaca-se como a maior exportadora do estado, sendo responsável por 34,3% das exportações em 2018. Os principais produtos exportados pelo município são: “Soja, mesmo triturada, Tortas e outros resíduos sólidos da extração do óleo de soja e Algodão, não cardado nem penteado.”
Baixa Grande do Ribeiro é o segundo principal município exportador com 18,7% de participação no mercado nas exportações estaduais de 2018. O município concentra suas exportações em “Soja, mesmo triturada.” Os municípios subsequentes são 3º Bom Jesus, 4º Corrente, 5º Parnaíba (predominantemente com soja, mesmo triturada).
A mesorregião mais relevante em termos de valor exportado é a Sudoeste Piauiense, que totalizou US$ 240,6 milhões em 2018, representando 83,1% do total das exportações do estado. A alta concentração da mesorregião do Sudoeste Piauiense se explica pelo fato de ser composta quase que inteiramente por área de cerrado, parte da região conhecida como MATOPIBA, na qual se encontra uma importante fronteira de expansão do cultivo de soja no Brasil.
Nas cinco primeiras colocações, estão: “soja mesmo triturada”, “farelo de soja”, “gorduras e óleos vegetais”, “mel natural” e “demais produtos têxteis”. No que concerne ao principal subsetor, ou seja, “soja mesmo triturada”, as exportações totalizaram US$ 598,0 milhões, o que representou 84,7% das exportações totais do estado em 2018. Esse subsetor apresentou crescimento médio anual de 27,7% no período 2015-2018 e variação de 92,5% entre os anos de 2017 e 2018, o que indica aceleração na tendência de crescimento dos valores comercializados do produto.
Como já mencionado, observou-se que em 2018 o país mais relevante para as exportações piauienses foi a China, que importou cerca de US$ 561,4 milhões do estado, resultado que representou 79,5% do total exportado pelo Piauí. Destaca-se ainda o crescimento das exportações para a Alemanha, no período 2015-2018, de 72,3% ao ano, o maior entre os dez principais destinos das exportações do Piauí. Essa taxa acelerou para mais de 200,0% no último ano. Também foi registrada elevação superior a 200,0% em relação às exportações estaduais para a França. As porcentagens de países importadores são: China (79,5%), Alemanha (5,7%), Estados Unidos (3,9%), Tailândia (2,7%) e Japão (2,7%), conforme dados de 2018.
O produto mais relevante é “soja, mesmo triturada, exceto para semeadura”, do qual o estado exportou para o país asiático cerca de US$ 553,0 milhões no ano de 2018. Esse produto representa 98,5% da pauta exportadora piauiense para a China, tendo obtido um crescimento médio anual de 39,7% no período 2015-2018, e uma variação anual de 153,0% no período 2017-2018. Nota-se, portanto, que a pauta de exportações do Piauí para a China apresenta alta concentração em apenas um produto. Além disso, as elevadas taxas de crescimento, com aceleração nos anos mais recentes, permitem inferir que essa conjuntura pode indicar uma tendência de acentuação desse processo. Pode-se observar ainda que “Ceras vegetais, mesmo refinadas ou coradas (exceto triglicerídeos)” foi o segundo principal produto exportado do Piauí para a China. Contudo, as exportações do produto registraram retração média anual de 7,1% no período 2015-2018 e, entre os anos de 2017 e 2018, houve variação negativa de 1,8%. O estado exportou cerca de US$ 7,1 milhões do produto para a China, o que representou 1,3% das exportações totais piauienses para o país asiático.
O principal produto exportado pelo Piauí para a Alemanha é “tortas e outros resíduos sólidos da extração do óleo de soja”, tendo o estado exportado cerca de US$ 34,9 milhões para o país europeu em 2018, o que representa 87,1% dessa relação comercial. As exportações piauienses do produto iniciaram em 2017, com expressivo aumento em 2018, caracterizando uma variação superior a 200,0%.
Com base na metodologia empregada no estudo, destacam-se os cinco setores mais atrativos com potencial de exportação para o Piauí, considerando o conjunto dos critérios selecionados. Em primeiro lugar, está “fabricação de conservas de frutas, legumes e outros vegetais”, com parcela de 0,14% das exportações do Piauí, em 2018, seguido por “extração de pedra, areia e argila”, “fabricação de produtos químicos inorgânicos”, “aparelhamento de pedras e fabricação de outros produtos de minerais não metálicos” e “fabricação de estruturas metálicas e obras de caldeiraria pesada”.
Em termos de crescimento na quantidade de empresas, “fabricação de produtos químicos inorgânicos” é o setor que desperta a atenção com 12,2% de crescimento anual, no intervalo 2012-2018, embora sua representatividade no Piauí ainda seja pouco relevante, com menos de 0,01% de participação. Esse setor também se destaca no que concerne à ampliação do número de empregos formais, pois registrou a maior taxa de crescimento anual (15,3%). Por fim, o setor que concentra a maior parcela na massa salarial estadual (0,15%) é “fabricação de bebidas não alcoólicas”.
Serviços
Ao considerar o comércio exterior de serviços – que engloba, entre outros, os serviços relacionados aos bens, transportes, viagens e outros – o Brasil assumiu, em 2018, o posto de 36º maior exportador de serviços do mundo, conforme dados da UNCTAD. Em termos regionais, o Brasil é o maior exportador de serviços da América Latina desde 2006.
A economia do Piauí é composta predominantemente pelo setor de serviços (78,5%), seguido por indústria (12,1%) e agropecuária (9,4%). O Produto Interno Bruto (PIB) do Piauí de R$ 45,4 bilhões, com base em dados de 2017, os últimos disponibilizados pelo IBGE. Já o PIB em termos per capita foi estimado em R$ 14,1 mil, conforme dados do mesmo ano. No ranking dos principais estados exportadores de serviços, o Piauí está em sétimo lugar, em nível regional, e em vigésimo primeiro lugar, nacionalmente.
No que concerne aos principais destinos dos serviços exportados pelo Brasil, os Estados Unidos são o principal comprador dos serviços brasileiros. Em 2018, o país importou aproximadamente US$ 8,7 bilhões em serviços provenientes do Brasil, o que envolveu 6.252 vendedores brasileiros e representou 29,8% das exportações de serviços do Brasil.
No ranking dos principais estados exportadores de serviços do Brasil, o Piauí está em vigésimo primeiro lugar, com valor exportado de US$ 1,3 milhões e parcela inferior a 0,01% do total exportado de serviços nacionais em 2018. O estado possui cinco empresas prestadoras de serviços ao exterior.
Observa-se que a participação do Piauí no valor exportado em serviços pela região Nordeste é de 0,35%, o que posiciona o estado na sétima colocação em âmbito regional. O principal estado exportador da região é Pernambuco, com 30,46% de participação no mercado e nas exportações de serviços da região em 2018. Os estados do Maranhão e da Bahia destacam se por também apresentarem participação regional superior a 20%.
Conforme instruções metodológicas do Ministério da Economia, quando há menos de três operadores por tipo de serviço, as informações são agrupadas a fim de assegurar o sigilo fiscal e comercial dos declarantes. Em 2018, cinco operadores do estado do Piauí registraram
exportações de serviços, porém, em nível setorial, eles não foram categorizados, em virtude da já mencionada restrição para evitar a quebra de sigilo. Nesse sentido, as exportações de serviços registradas pelos estados de Piauí, Paraíba, Acre, Roraima, Tocantins e Rondônia foram agrupadas e classificadas como “Outros serviços”, somando 294 vendedores e um total exportado de aproximadamente US$ 95,0 milhões.
Entre os principais destinos dos serviços exportados pelo Piauí, estão os Estados Unidos, com 98,0% de participação no total das exportações de serviços do estado. Vale destacar que dezoito prestadores de serviços do estado exportaram US$ 25,3 mil para outros países em 2018, mas, novamente, por motivo de sigilo, as informações não foram detalhadas.
Investidores
Os Estados Unidos são o maior investidor no país, com um valor investido de US$ 122,9 bilhões. O desempenho norte-americano representa 17,5% do total investido no país por não residentes, conforme dados de 2016, os últimos disponibilizados pelo Banco Central do Brasil. Desse valor, US$ 103,6 bilhões referem-se à participação no capital e os US$ 19,3 bilhões restantes são destinados às operações entre a matriz e a filial. Os países subsequentes são Países Baixos US$ 102 bilhões, 14,5% do total investido e Espanha, com 65,4 bilhões e 9,3% do valor investido.
Em termos de número de empresas investidoras no país, os Estados Unidos figuram na primeira colocação, com 3.432 empresas com investimento direto no Brasil, conforme dados de 2015, os últimos disponibilizados pelo Banco Central do Brasil. O país também registrou o maior incremento na quantidade de empresas investidoras entre 2010 e 2015, com o aumento de 541 novas empresas a realizarem investimentos no Brasil.
Quanto à distribuição do investimento estrangeiro no país por setores, a Indústria de Transformação é o principal setor para a atração dos investidores estrangeiros, como destino de 37,2% dos investimentos no país, seguido por Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (27,5%).
Observa-se que o Piauí foi o oitavo estado mais representativo em termos de investimentos estrangeiros, com 3,5% de participação na Região Nordeste e 0,3% no Brasil. O estado da Bahia é o que possui maior participação na receita bruta regional, com 37,3% de representatividade na região e de 3,4% no Brasil.
No que se refere a capacidade de geração de empregos, o Piauí foi o nono estado da região que mais gerou empregos diretos relacionados ao investimento direto estrangeiro, com 2,3% de participação dos empregos gerados na região e de 0,3% no Brasil. Observa-se que houve uma redução de US$ 498,7 milhões na posição de investimentos no fim do período 2010-2015. Em 2015, os investimentos diretos na indústria estadual totalizaram US$ 510,7 milhões. O setor que mais recebeu investimentos foi o de Produtos Alimentícios, no valor de US$ 97,2 milhões em 2015.
O estudo destacou os investimentos greenfield anunciados por empresas no Piauí, de janeiro de 2013 a julho de 2019. Esse tipo de investimento caracteriza-se pela construção de novas plantas ou pela expansão de plantas já existentes para ampliação de sua capacidade produtiva. Nesse sentido, destaca-se que a principal empresa é a Enel Green Power SPA cujo investimento anunciado no período foi de US$ 377,2 milhões, o que representou 36,6% dessa categoria de investimentos no estado. A geração de empregos decorrentes é estimada em 292 novas vagas ou 23,9% da geração de empregos no estado piauiense provenientes de investimentos greenfield.
O principal país de origem dos investimentos greenfield anunciados para o Piauí, entre janeiro de 2013 e julho de 2019 é a Itália, que investiu US$ 927,2 milhões e gerou 876 empregos no período. O país representou 89,9% do total de investimentos anunciados para o Piauí no período e 71,7% do total de novos postos de trabalho gerados. Seguido pelos Estados Unidos com US$ 72,4 milhões, 7% do total de investimentos e 23,4% dos postos de trabalho gerados.
O principal município de destino dos investimentos do tipo greenfield anunciados para o Piauí, entre janeiro de 2013 e julho de 2019 é São Gonçalo do Gurguéia, para onde foram anunciados US$ 377,2 milhões e prevista a geração de 292 empregos no período. O município representou 36,6% do total de investimentos esperados para o Piauí no período e 21,7% do total de novos postos de trabalho gerados. Seguido por Ribeira do Piauí, com US$ 300,0 milhões, 29,1% do total de investimentos e previstos 292 empregos. Lagoa do Barro do Piauí vem em seguida com US$ 250 milhões, 24,2% de participação e previsão de 292 empregos.
Entre os investimentos brownfield anunciados por empresas no Piauí, entre janeiro de 2013 e julho de 2019, destaca-se que somente a empresa Devry INC. realizou investimentos, porém o valor não foi divulgado. Os investimentos dessa categoria são aqueles que envolvem a aquisição, por parte de uma empresa, de plantas industriais pertencentes a outras corporações (fusões e aquisições), sem resultar em aumento imediato de produção e de emprego no país receptor.