O município de Pedro II, a cerca de 200 km de Teresina, recebeu na última quinta-feira (29) uma visita inédita de pesquisadores do Gemological Institute of America (GIA), considerado o maior e mais respeitado instituto de gemologia do mundo. A equipe, composta pelo gemologista Aaron Palke (GIA Califórnia), pelo fotógrafo Kevin Schumacher, pelo geólogo e fornecedor de gemas Brian Charles Cook e por Win Vertriest, gerente de gemologia de campo do GIA em Bangkok, esteve na cidade com um objetivo específico: coletar amostras e estudar as opalas piauienses, traçando sua composição química e mineralógica.


A pesquisa faz parte de um projeto internacional que busca construir uma base de dados capaz de identificar a origem das opalas em nível mundial — -uma espécie de “DNA das pedras”. No mundo, as opalas são encontradas em poucos locais, principalmente na Austrália, no México e no Brasil, na cidade de Pedro II.
“A opala daqui tem características únicas. Quando entendemos sua formação, podemos certificar sua origem. Isso é fundamental para valorizar a pedra no mercado internacional e combater fraudes”, afirma Brian Charles Cook, que há décadas trabalha com gemas em diferentes partes do mundo.

Primeira visita do GIA ao Piauí
A vinda da equipe do GIA foi articulada pelo Arranjo Produtivo Local (APL) da Opala, projeto que reúne instituições de ensino, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi), o Governo do Estado e produtores para fortalecer a cadeia produtiva da pedra na região.
Além disso, o APL também desenvolve pesquisas próprias com foco na identificação do DNA das opalas de Pedro II, buscando consolidar informações científicas sobre as características minerais e geológicas das pedras locais. Estiveram presentes na agenda a professora Lilane Brandão, da UESPI; o ourives Antonio Mário, coordenador do CETAM; e Érico Gomes, professor do IFPI e coordenador do APL da Opala.

Segundo Érico, a visita é um marco para o setor. “Ter o GIA aqui significa colocar as opalas de Pedro II no radar mundial. É um reconhecimento da importância econômica e geológica da nossa pedra, que gera emprego e renda para muitas famílias da região. E também fortalece o nosso trabalho no APL, que já vem desenvolvendo estudos para identificar o DNA das nossas opalas”, afirma.

Economia local
A opala é o principal símbolo da economia de Pedro II, que combina mineração artesanal, lapidação e artesanato. Apesar disso, o setor enfrenta desafios como a informalidade, a variação do mercado internacional e a concorrência com materiais sintéticos ou de origem duvidosa. A expectativa é que o estudo do GIA fortaleça a credibilidade do produto local no mercado internacional, ampliando oportunidades para os produtores e artesãos da cidade.


Próximos passos
A equipe do GIA segue com as análises laboratoriais das amostras coletadas. O levantamento fará parte de um banco global que ajuda compradores, comerciantes e laboratórios a identificar a procedência das gemas com precisão científica.
