O tratamento adequado da água para consumo é um cuidado essencial que deve ser tomado para manter a nossa saúde. Ingerir água contaminada pode causar diversas doenças como leptospirose, cólera, hepatite A, e muitas outras. Porém, infelizmente ainda existem muitos locais em que o processo de purificação da água não existe ou é insuficiente.

A pesquisa da professora Maria Christina Muratori, financiada pelo Edital Nº 002/2016 da Fapepi, buscou avaliar o grau de pureza da água que estava sendo utilizada para consumo humano em alguns assentamentos rurais de Teresina, e os resultados foram alarmantes.

Nove comunidades fizeram parte do estudo: Fazenda Nova, Santana Nossa Esperança, 17 de abril, Olga Benário, Vale da Esperança, Passagem de Santo Antônio, Nossa Vitória, Santa Helena I e Limoeiro.

 Para realizar a pesquisa, foram feitas análises microbiológicas que utilizaram o método Colilert , que dá resultados em 24 horas para coliformes totais e Escherichia coli, presente naturalmente nos organismos de sangue quente, mas que também pode ser responsável por infecções. Numa outra etapa, foram realizados exames parasitológicos, quando, explica a pesquisadora, foi utilizado o método de sedimentação.

Como resultado, foi identificado que a água que estava sendo utilizada não apresentava potabilidade, uma vez que foram encontrados até mesmo protozoários na água, que deveria estar limpa para ser consumida. No período chuvoso e intermediário, todas as amostras estavam contaminadas por coliformes totais e Escherichia coli, e 97,8% durante o período seco.

Em quatro desses assentamentos, 45% do total analisado, também foram encontradas os micro-organismos: Giardia, Entamoeba coli, Endolimax e Iodamoeba butchlti, causadoras de algumas parasitoses. Também foi constatado que resíduos e lixo muitas vezes são lançados no meio ambiente ou queimados, devido ao período grande entre uma coleta e outra, o que agrava o quadro de micro-organismos na água.

A professora conta que após esse período de análises, foram realizadas palestras com os moradores, enfatizando a necessidade da higiene geral, de filtrar ou ferver a água e do descarte adequado de lixo. Neste contato, foi levado um microscópio para que eles pudessem ver os micro-organismos com os próprios olhos, popularizando a pesquisa na própria comunidade. 

“Mostrei claramente a realidade da nossa observação das condições durante um ano de análises. Esperamos que as pessoas tenham entendido que a saúde deles está em perigo. Com isso se tornem conscientes da importância de tratar a água”, conta a pesquisadora.

A pesquisa, enquadrada no Programa Pesquisa para o SUS, gerou sugestões de encaminhamentos para o Sistema Único de Saúde, como a implantação de soluções integradas para saneamento rural, envolvendo a estruturação de equipes de agentes comunitários em saneamento, além da coleta adequada de lixo e construção de sistema de esgotos. 

Também foi sugerido o aumento do número de equipes de agentes comunitários de saúde para o processo de acompanhamento e conscientização sobre o tratamento da água para consumo humano e possíveis relatos de problemas relacionados à sua baixa qualidade entre os moradores. A realização de análises semestrais de água nestas regiões rurais e realização de campanhas e palestras sobre a importância da limpeza das caixas d’água, além da distribuição de hipoclorito de sódio, também foram sugeridas. 

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  • Última modificação do post:29 de novembro de 2019