Está em andamento o trabalho historiográfico coordenado pelo professor Marcelo de Sousa Neto, docente do curso de história da instituição, intitulado “A periferia em festa – as festas em bairros populares de Teresina (1977-1985)”. O projeto é contemplado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Piauí – FAPEPI através do Edital Bolsa de Produtividade em Pesquisa – PQ FAPEPI/PROP- UESPI Nº 11/2021, com o objetivo de estimular a produção científica, tecnológica e de inovação de  pesquisadores da Universidade Estadual do Piauí – UESPI.

O processo de ocupação das periferias de Teresina e as formas de habitar a cidade e o festejar de seus moradores, privilegiando seu cotidiano e suas maneiras de lazer é o foco do estudo. “Inseridos em meio a uma política habitacional limitada e segregadora, os moradores dessas regiões assumiram o protagonismo do processo de reorganização dos espaços urbanos da capital, constituindo-se em personagens privilegiados de análise, em que suas táticas do fraco funcionaram de forma efetiva ao atribuir à cidade um significado e cotidianos próprios construídos em meio à luta pelo direito à moradia”, destaca o projeto. 

Para a efetivação da pesquisa definiu-se, além do estudo de conteúdo das fontes hemerográficas e documentais, a metodologia da História Oral, com uso de pesquisa com trajetórias de vida e entrevistas temáticas, como o instrumental de acesso às informações sobre o período.

No projeto, o pesquisador destaca como espaço a ser investigado o bairro Itararé e seu entorno, por sua relevância social e econômica para a capital e para o estado, em um recorte temporal compreendido entre 1977 e 1985, identificados pelas fontes consultadas como o período de formação do conjunto e no qual seus moradores mais dificuldades enfrentaram, o que ajudou a demarcar sua importância social e política para a história recente da cidade, sobretudo em razão das diferentes maneiras encontradas para promover suas comemorações coletivas, contribuindo para compressão sobre as diferentes formas de sociabilidades urbanas no período.

“Desde 2009 vem se desenvolvendo pesquisas sobre a formação e organização espacial do processo de ocupação da região que é hoje conhecida como o grande Dirceu”, contou o coordenador do projeto.

“Em 2014 realizamos um pós-doutoramento que tinha como objetivo de análise a região do grande Dirceu, e que com o desbravamento posteriores nós, com autoria com a professora Cláudia Cristiana da Silva Fontineles, da UFPI, publicamos um livro intitulado Nasce um Bairro Renasce uma Esperança – história e memória de moradores do Conjunto Habitacional Dirceu Arcoverde, esse livro, ressalto que recebeu o apoio da FAPEPI para sua publicação por meio do edital de auxílio à publicação’’, completa. 

Livro amparado pela FAPEPI entatiza a memória dos moradores. (FOTO: Jessé Pereira)

A pesquisa centrou investigação nas festas com rememorações de alguns dos moradores do bairro, três em especial: os festejos da paróquia de São Francisco de Assis, os bailes de reggae da Halley Danceteria e os forrós do Clube do Chico Alves, festas que exemplificam as limitadas oportunidades de sociabilidade desses primeiros moradores e que marcaram a memória e a forma de significar o espaço desses.

A proposta apresentada pelo pesquisador enfatiza que a partir das informações já disponíveis na literatura sobre o tema das ocupações populares em cidades brasileiras, se espera localizar elementos que discutam as formas de lazer e festejar de suas populações, de forma a traçar um ponto de aproximação entre estas e, posteriormente, a partir da pesquisa empírica em documentos e fontes hemerográficas, compará-las em relação ao observado nas periferias da cidade de Teresina.

“As pesquisas sobre o Dirceu Arcoverde continuaram e nós identificamos que um ponto muito importante da história de toda a região refere-se às afetividades, sociabilidade construídas e as formas que aquela população encontrava para enfrentar a dureza do dia a dia por meio do seu cotidiano e as festas populares sobretudo ligada aos forrós, bingos dançantes, serestas, quermesses movidas pela igreja católica São Francisco de Assis, que representavam esse ponto de descompressão da dureza do dia a dia. Nós elaboramos uma proposta de pesquisa que versa exatamente investigar como é que se dava esse processo de sociabilidade, como era que essas festas ocorriam, como elas eram significadas, como elas eram importantes para o cotidiano daqueles moradores, e tivemos a felicidade de sermos apoiados pelo edital de bolsas de produtividades da FAPEPI e hoje estamos realizando a pesquisa a partir de um levantamento bibliográfico daquilo que já existe, estabelecido não só sobre a região do Grande Dirceu mas sobre o tema festas populares de uma maneira mais ampla. O nosso desejo é que ao final da nossa proposta a gente possa entender um pouco melhor e divulgar e publicar os resultados da nossa pesquisa”, finaliza o professor.

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  • Última modificação do post:30 de agosto de 2022