Teve início nessa quarta-feira (24) o II Colóquio Mundos da Escravidão e Pós-Emancipação – Experiências afro-indígenas no Brasil. O evento, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi), ocorre na Universidade Federal do Piauí (UFPI) e segue até sexta-feira (26).

O objetivo é rediscutir o significado do 13 de maio de 1888, celebrado no Brasil como Dia da Abolição da Escravatura através da Lei Áurea. Algo que, segundo os pesquisadores envolvidos, não ocorreu plenamente. Os trabalhos compulsórios, as mortes violentas de negros e negras nas principais cidades do Brasil, além de conflitos por terras, racismo, dentre outras dificuldades, fazem os acadêmicos utilizarem o termo emancipação, ao invés de abolição. É o que explica o professor da UFPI Mairton Celestino da Silva. “A ideia é rediscutir os significados em torno do 13 de maio. É a data simbólica de emancipação, não abolição, da escravidão no Brasil. É um momento que congregamos os mais diversos pesquisadores do Brasil e do Piauí para discutir a questão da escravidão e o significado das experiências negras no Brasil e em outros países, como no Caribe, por meio de participações internacionais. A centralidade do evento reside no fato de não termos abolido de fato a escravidão. Após o decreto da lei não houve uma inserção do negro na sociedade brasileira. A república que foi instituída, ela não potencializou naquele brasileiro, naquele agora cidadão, a cidadania de fato. A luta por direitos continuaria na república e até na atualidade”, explicou. Mairton Celestino também reforçou a importância do apoio da Fapepi para o evento. “O papel da Fapepi é essencial no evento porque se você levar em conta que sempre fazemos a discussão no mês de maio, praticamente não temos apoio das instâncias do governo federal. Então temos uma grande ajuda da Fapepi e das inscrições para organizar o evento. “

Para a assessora jurídica da Fapepi, Justina Soares, que representou a Fundação na abertura do evento, o tema é propício para demonstrar ao público a importância da pesquisa e que a Fapepi segue cumprindo a missão de agência de fomento. “É de extrema importância e relevante mostrar para os pesquisadores que o estado do Piauí incentiva a pesquisa. Exatamente nesse momento, que é um momento de redescoberta, de debate, de conhecimento, o colóquio vem discutir as novas formas de escravidão que ainda existem na sociedade. Então, a Fapepi é sempre parceira nas pesquisas, em especial das academias do Piauí, como UFPI, UESPI e IFPI, mostrando para os docentes e discentes que vale a pena pesquisar”, pontuou.

O coordenador do Programa de Pós-Graduação em História do Brasil, professor Francisco Nascimento, falou do papel da universidade em promover o evento. “A universidade se preocupa em discutir essas questões exatamente para promover uma reflexão sistemática, contínua, permanente, que contribua para formar jovens pesquisadores sobre a escravidão, sob estas temáticas que formam a nossa identidade, a nossa história. De modo que os professores pesquisadores que aqui estão vêm para somar, para contribuir e formar novos saberes, novas perspectivas de pesquisa para que o mestrado, o doutorado, os núcleos possam crescer com essas contribuições”, afirmou.

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  • Última modificação do post:25 de maio de 2017